terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A pedra mais alta

Me resolvi por subir na pedra mais alta
Pra te enxergar sorrindo da pedra mais alta
Contemplar teu ar, teu movimento, teu canto
Olhos feito pérola, cabelo feito manto

Sereia bonita sentada na pedra mais alta
To pensando em me jogar de cima da pedra mais alta
Vou mergulhar, talvez bater cabeça no fundo
Vou dar braçadas remar todos mares do mundo

O medo fica maior de cima da pedra mais alta
Sou tão pequenininho de cima da pedra mais alta
Me pareço conchinha ou será que conchinha acha que sou eu?
Tudo fica confuso de cima da pedra mais alta

Quero deitar na tua escama
Teu colo confessionário
De cima da pedra não se fala em horário
Bem sei da tua dificuldade na terra
Farei o possível pra morar contigo na pedra

Sereia bonita descansa teus braços em mim
Eu quero tua poesia teu tesouro escondido
Deixa a onda levar todo esboço de idéia de fim
Defina comigo o traçado do nosso sentido

Quero teu sonho visível da pedra mais alta
Quero gotas pequenas molhando a pedra mais alta
Quero a música rara o som doce choroso da flauta
Quero você inteira em minha metade de volta

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

De uma eu, que não sou eu.


Sabe de uma, que se dane você!
Não me importa o que vai pensar, ou até mesmo o que te disseram ao meu respeito.
Vou soltar meus cabelos, vestir algumas coisas que eu goste muito.
Vou passar toda a tarde na compainha de Los Hermanos, Gal Costa, Rosa Passos, Marisa Monte, Ana Carolina.
Pense na loucura que acontece entre, eu e essa galera entre quatro paredes.
Vou jogar todas as roupas no chão.
Vou me procurar no fundo do guarda-roupa.
Algumas peças já nem me cabem mais.
Outras nem parecem serem minhas.
Algumas formam figurinos de uma eu, que não sou eu, e nem ao certo sei quem é.
Acabou! a anfitriã está se desfazendo das peças.
Despindo-se das máscaras.
Quero no espelho apenas ver minha face.
Ver essa pele negra que tanto me orgulha.
Meus olhos vivos.
Meus cabelos enrrolados, com minhas idéias lisas.
Não me olhe!
Me veja, sem maquiagem, sem máscaras, sem roupas.
Me veja fora desse armário que por muito tempo me escondi.
Toque-me devagar.
Veja quem de fato sou.
E me mostre quem de fato és tú.


Thaíza Alexandre